26 de dezembro de 2012

A ti...

A ti,

Por quem eu pensava ser para sempre,
por quem o meu coração nunca esqueceu,
por quem sofri e sofro interiormente,
por quem senti o que nunca senti,
por quem dei tudo e mais daria,
por quem me deu aquilo que nunca tive,
por quem me fez sonhar,
por quem sempre me apoiou quando precisei,
para quem sempre me sorriu,
para quem vive dentro do segredo do meu coração,
para quem sonhou ser possível e acreditou,
para quem tem bom coração,
para quem também sofreu,
para quem sempre esteve mesmo não estando,
por quem eu sempre estarei ainda que não estejas,
por tudo o que vivi e não foi vivido contigo,
por quem tudo partilhou e não partilhou,
simplesmente a ti e só a ti....

Na minha vida nunca sonhei ser possível aceitar alguém da forma como aceitei a tua presença, amar como amo, nunca ninguém teve essa presença na minha vida, mesmo tudo tendo se desmoronado a tua presença ficou dentro de mim, fiquei com muito de ti e a ti dei o que de melhor tenho, de mim dei a minha verdadeira faceta e personalidade, contigo não era preciso fingir nada, contigo estava à vontade, em todos os aspectos, vivi os melhores momentos da minha vida sem dúvida alguma.
Não posso mudar o passado, apenas gostava de viver o futuro porque o presente é desprovido de sensação e de vontade, limitamo-nos a existir no mundo, falta o que motiva a vida e o que lhe dá razão, para muita gente isso não é relevante pois vivem num mundo materialista e sem valores, para mim isso é a verdadeira essência da vida, bem sei que existe muita gente no mundo, mas para mim só existe uma pessoa, apenas essa e só essa, sonho impossível, talvez o seja, algo de inalcansável, possivelmente, no entanto não posso arrancar o coração do peito para deixar de sentir, quem me dera poder fazê-lo mas não o posso realizar.
Ocupo a minha vida o mais possivel, tento estar sempre ocupado, trabalho, faculdade, em casa, nos momentos em que não tenho horários, ainda assim mesmo nos momentos em que nem tempo tenho para respirar há memórias que voltam sempre constantemente, tentei esquecer não vou negar, tentei com todas as minhas forças fazê-lo, mas não se consegue apagar a nossa memória, isso é de facto impossível.
Chego a casa sempre tarde, todos os dias chego às 00.15, janto e ainda estudo uma hora por dia, de manhã levanto-me pareço um autómato, trabalho que nem um cão, e penso tantas vezes para quê? Não sei sinceramente para quê, porém faço-o sistematicamente, tento não pensar em nada, apenas existir e viver, tudo se resume a uma sequência reiterada e continuada de actos.
Não sou destinado a ter o básico da vida, deixei já de sonhar, limito-me a existir, sem pensar em mais nada, sem querer nada, porque a vida não me dá nada, não me queixo essa é a minha vida e é esta que tenho nada posso fazer para alterar a minha sorte, nasci assim destinado. Esforcei-me sempre para mudar as coisas, de nada valeu, remei sempre contra a maré, o cansaço venceu-me finalmente.
Mudei a minha personalidade e afastei o que me pode trazer pensamentos negativos, por isso decidi deixar de celebrar as quadras festivas, são dias iguais aos outros, nada têm de diferente, são apenas dias iguais a tantos outros e é assim que tenho que encarar, coisas há que deixam de fazer sentido, como posso festejar seja o que for quando por dentro a alma está inócua.
Ontem passei o dia a estudar, tenho os exames finais de semestre já no início de Janeiro, almocei normalmente e estive a estudar Responsabilidade précontratual e os vícios da vontade na Relação Jurídica, passeei com a minha velhita e depois voltei ao estudo até às 21.00.
Tento não contaminar ninguém com a minha presença, quando somos incómodos só nos resta afastar das pessoas que incomodamos, a solidão é uma forma de estar na vida, saber lidar com ela não é para qualquer pessoa, se não sou útil então também não faço falta.
De certa forma uma parte de mim morreu, não consigo ter certas e determinadas atitudes que tinha, a hiprocrisia nunca foi o meu forte, não consigo fingir o que não sou ou o que não gosto, tornei-me frio e realista, não lido com fantochadas nem com teatradas.
Em certa medida aprendi muito, se sou bloco de gelo é porque o sol não brilha para me derreter, quando somos encarados pelo nosso próprio sangue de certa forma, só me resta extirpar o que não interessa, tudo o que nos faz mal, sou o que sou, sem mais nem menos.
De que serve fingir que estamos contentes quando por dentro a nossa alma está triste, de nada mesmo, de que serve tolerar quem não nos tolera, de que serve fingir que gostamos quando o que sinto é desagrado, acredita que mudei muito, tive que mudar mesmo.
Só há uma coisa que não mudei, porque não consegui, porque está agarrado a mim, porque é a única coisa de belo que a minha vida teve, a única coisa que me fez imensamente feliz, isso ninguém me pode tirar, quando nem eu consegui apagar...





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